quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Maria Antonieta fotografada bêbada no camarote da Devassa na Sapucaí

Como eu disse, hoje, extraordinariamente, teremos dois posts.

AAAAAHHH NAAAUM!!!

Quieto e escuta! Hoje vamos falar de cinema.

NOOS NAUM VAMOS FLAAR DE HISTOIRA???

Sim, claro! Vamos falar de História E Cinema. E o filme que eu escolhi para inaugurar a categoria História e Cinema foi o não-tão-mas-ainda-assim polêmico Maria Antonieta de Sofia Coppola. Não interessa se você não gosta desse filme, eu gosto, então é disso que vocês vão ouvir (ou melhor, ler) hoje!
Antes de qualquer outra coisa acho que é importante falar um pouco sobre História e Cinema. Claro que se você quiser aprender a fundo sobre o assunto basta puxar a matéria "História e Cinema" na faculdade de História. Mas como essa matéria é relativamente (cof cof!) chata, então leia este pequeno resumo.
MAS NÃO TÃO RÁPIDO!!!
Quem leu o primeiro post deste blog sabe que eu às vezes eu preciso interromper meu raciocínio pra fazer um desabafo. Então lá vai:

Desabafo do post de hoje: Eu não aguentava quando eu ia ao cinema ou mesmo quando assistia um filme histórico em casa e chegava um espertinho (que sabia que eu fazia História) e perguntava "e aí kra?? Diz ae os erros do filmme!!!"

Então você viu que o desabafo nem está assim tão fora de contexto. Um historiador analisando um filme histórico não significa uma pessoa chata dizendo o que está errado no filme. Quer saber o principal motivo para não ser isso? Eis então o principal pressuposto do que chamamos "análise de filmes históricos": um filme jamais tem como foco principal o tempo em que a história se passa, mas o tempo em que o filme foi produzido. Isso mesmo. o Gladiador não está tão preocupado com a Roma Antiga quanto ele está com os anos 2000.
A maioria dos filmes históricos usa o passado como uma espécie de metáfora para tratar de temas da atualidade.

AAAAAAHHH NAUM METE ESSA!!! QUE FORSASAUM DE BARRA!!!

É sério! Se eles não fizessem isso eles não venderiam! Não adianta um filme usar uma linguagem de outra época! Ele precisa atrair o público da SUA época para vender. É Hollywood, meu amigo, é uma indústria, e indústria quer dizer lucro! $$$ cha-ching!!!
Você vai entender melhor conforme eu for postando análises de filmes neste blog! Mas vamos partir pro nosso filme de hoje, que é muito bom pra mostrar isso que eu estou dizendo, porque ele EXAGERA neste quisito! Exagera... num bom sentido, na minha opinião...
Primeiramente um defeito do filme (não, não é um erro!!!), na verdade é mais uma frustração pessoal que um defeito: o filme é em inglês. Eu adoro inglês! Mas acho que ficaria muito mais charmoso se fosse em francês (quem viu A Queda! vai concordar que o ponto alto do filme é ele ser em alemão!) mas tudo bem, A Queda! é em alemão porque o filme é alemão, o Maria Antonieta é americano, portanto é em inglês... até aí nada, a Paixão de Cristo é americano e é em ARAMAICO E LATIM!!! Mas tudo bem. Até porque eu acredito que o filme ser em inglês contribui para o clima que ele quer mostrar e que EU quero mostrar com este post.
Primeiramente, em que época se passa o filme?

o/ NO ABSOLTUTIMSO, ATNES DA REVOLUSAUM FRANSESA!!!

Não. Ele se passa nos anos 80 e nos dias de hoje.

AAAHHHN??!!!

Você não estava prestando atenção, viu!!! Mas tudo bem, foi uma pegadinha muito traiçoeira! É verdade, o filme se passa no século XVIII. E não.
Para quem não sabe, Maria Antonieta foi a última raínha da França pré-revolucionária, esposa do rei Louis XVI. Ela era tipo a mulher mais fútil da sua época, a maior socialite sa Europa, TEMDEMSIA! De fato ela foi eleita por um jornal da época a mulher mais TEMDEMSIA do MUNDO. O motivo: diamantes. Diamantes, vestidos e festas de arromba! Tudo bancado pelo dinheiro dos pobres sans coulottes, que pra quem não lembra era a pobretada da época (bota aí quase 90% da população da França - sim, a França já foi bem POBRE! Incrível, né?).
É difícil escrever ou filmar uma biografia da Maria Antonieta com a linguagem da época, até porque uma festa de arromba do século XVIII não é uma festa de arromba dos anos 80 pra cá. As formas de divertimento eram muito diferentes, as músicas, as danças, a futilidade era de outra ordem. Bem, o que a diretora Sofia Coppola fez? Ela esqueceu isso tudo e resolveu o seguinte: bem, o público não vai achar que a Mariazinha era cool se a virem dançando música clássica, balé ou se portando feito uma dama da sociedade de corte européia. Então ela trasformou um baile de máscaras em Paris no século XVIII numa festa de Rock e colocou The Strokes como tema de fundo para a solidão da rainha malvada.

AAAAA Q ERRO!!!

Não, não é um erro. Eu tenho certeza que a Sofia Coppola sabia que não tocava Bow Wow Wow nos bailes de Paris em 1789. Mas ela precisava fazer o público se identificar e entender a condição da rainha da França, ela precisava que as pessoas identificassem as características que a associassem a uma super-celebridade com problemas psicológicos e de popularidade. A sinopse do filme sintetiza isso tudo de maneira fantástica: “Sofia Coppola transforma Maria Antonieta numa estrela do Rock!”, de fato, mas eu diria melhor, porque ela não chega a tocar rock no filme, então talvez uma sinopse melhor seria “Sofia Coppola transforma Maria Antonieta em Paris Hilton!”. O resultado disso é que o filme se tornou muito mais um elogio à cultura pop e uma referência ao sufoco que o público impõe às celebridades que uma biografia da rainha que perdeu a cabeça (com trocadilho, por favor), como se fosse um comercial de duas horas da VH1.
Como eu disse, o filme histórico é muito mais voltado para o Tempo Presente (quem leu o último post ria, por favor) que para o século XVIII.

UUUHHNNN LEGAL... ... ... QUIAS SAUM OS ERROS DO FILME/

TÁ BOM! Você venceu! Vamos aos erros:
Não há erros.
Não há erros? Pera aí! Eles colocaram música contemporânea no filme, a personagem principal usa vestidos absurdamente exagerados e coloridos pra época, ela calça um ALL STAR e você está me dizendo que o filme não tem erros?????
Bem, é isso mesmo. Porque erro geralmente se comete sem perceber, tipo o bujão de gás na biga do Gladiador. A Sofia Coppola QUERIA que a Maria Antonieta ouvisse The Strokes, ela QUERIA que ela calçasse All Star... São recursos cinematográficos, linguagem poética. O filme não pode estar errado porque ele NÃO tem comprometimento com a História, do contrário ele seria um documentário, não um drama ou um romance.
E é por isso que o filme não tem erros. A menos que haja erros tecnicos, aí se você descobrir me avise, porque eu realmente nunca tentei procurar.
Para finalizar, sem dar muitos spoilers, conforme o filme vai chegando no final a gente vai até se solidarizando com a pobre Antonieta... faz a gente querer dizer para aquela multidão furiosa de camponeses:

DEIXEM A ANTONIETA EM PAAAAAAAZ!!!!


Bem, é isso por hoje. Até a próxima semana!


FILME ANALISADO: MARIA ANTONIETA (2006)
DIRETORA: SOFIA COPPOLA
AVALIAÇÃO DO ALEX: *****

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