sábado, 28 de agosto de 2010

Opa! Você por aqui?!

Oi gente! Ninguém mais deve frequentar esse blog depois de tanto tempo sem postagens...
Pois é, a minha vida anda de pernas pro ar!
No entanto, eu tive algumas idéias para um novo ciclo de postagens, e pretendo realiza-lo em breve.
Se alguém aí ainda estiver ligado, espere só mais um pouquinho que eu coloco algo novo no blog.
Bem, por enquanto é só!
Até breve!

domingo, 23 de maio de 2010

Coisas que nem todo mundo sabe sobre Paris - Parte 2

Boa tarde a todos! (ou noite, ou dia, dependendo da hora que você estiver lendo...)
Desculpem por não poder ter postado ontem, mas eu não me encontrava sóbrio o suficiente para fazê-lo (pelamordedeus né, sábado de tarde/noite vocês realmente esperam que eu fique sentado em casa pra publicar alguma coisa??).
Enfim. Como prometido, eu lhes trago hoje um pouco mais de informações sobre a Cidade Luz. Algumas últimas informações porque semana que vem eu já quero começar minha série de postagens sobre História da Inglaterra.
Semana passada eu lhes contei um pouco sobre a Paris Medieval. Desta vez eu quero avançar um pouco no tempo, mais precisamente dos séculos XVII e XVIII para os dias mais recentes.
No dia do meu aniversário eu quis realizar um grande sonho: conhecer o palácio de Versailles. Portanto neste gélido dia de maio eu peguei um trem no centro de Paris em direção à estação final em Versailles, o que dá pouco mais de 40 minutos de viagem. Para quem não sabe o palácio ou chateau de Versailles foi construído no reinado de Louis XIV, o Rei Sol, e significou uma nova era para a monarquia francesa e as monarquias em geral na Europa. Louis XIV era chamado Rei Sol justamente por se considerar o centro do Universo e fonte de todo o poder e ficou famoso por ter dito a frase “O Estado sou Eu”. Para quem se lembra das aulas de História na escola, isto quer dizer que esta época foi o berço da Monarquia Absolutista, mas o que diabos isto significa?
A Monarquia Absolutista representou uma forma de governo muito diferente da medieval, embora em teoria ela mantivesse as mesmas estruturas sociais e hierarquias entre os nobres e membros da Igreja. A grande novidade foram as mudanças nos papéis do rei e dos demais nobres, bem como a divisão da sociedade em três grandes camadas, ou “estados”, como uma pirâmide social (é aquela baboseira da escola: primeiro estado – que é o clero – segundo estado – a nobreza – e terceiro estado – que é a burguesia e os camponeses). O que mudou foi o seguinte: na Idade Média o rei era considerado o mais alto em importância entre os nobres e ser nobre na Idade Média significava ser guerreiro e ter capacidade de financiar guerras. Portanto o rei medieval era como um grande e supremo general das tropas, que liderava todos os outros nobres na guerra. A sociedade era de tipo feudal, isto significava que cada nobre tinha suas propriedades ou feudos, como pequenos países, muitos com costumes e algumas leis específicas. O rei também tinha suas terras, mas reunia muitos outros nobres através dos laços de vassalagem, que eram juras de fidelidade: um nobre jurava fidelidade a um rei, se tornando seu vassalo, aa vantagens disso poderiam ser muitas, de financeiras a estratégicas (belicamente falando) e então este conjunto de senhores feudais que juravam fidelidade ou se identificavam a um mesmo rei foram formando os reinos, como a França.
Nos séculos XVII e XVIII esta estrutura já não funcionava mais tão bem. A guerra tinha mudado muito e o grande responsável por isso foram as armas de fogo. A introdução dos canhões, mosquetes e rifles revolucionou a guerra, inicialmente aos poucos, a partir do século XV e XVI, mas no XVII os exércitos passaram a se equipar maciçamente com armas de fogo. Os castelos se tornaram redundantes, porque eles já não conseguiam mais cumprir suas funções defensivas: de nada adiantavam fortes muralhas contra poderosos canhões. O risco de um nobre importante ou um rei morrer numa batalha de armas de fogo aumentou drasticamente e com o passar do tempo estes reis e nobres foram se retirando dos campos de batalha e passando os encargos de liderança de tropas para terceiros. Nesta época era comum o rei ir ao campo de batalha inspecionar suas tropas, mas já não era tão comum vê-lo lutar corpo a corpo com o inimigo como se fazia na Idade Média. O rei e os nobres foram se retirando para a esfera administrativa da sociedade, deixando o comando das tropas para pessoas especializadas, ou seja, generais: foi o ressurgimento dos exércitos profissionais, pois na Idade Média os reinos não possuíam exércitos fixos, estes eram convocados apenas quando havia guerra. A partir do século XVII o que acontece é que volta a aparecer uma carreira militar, como na Roma Antiga, com exércitos fixos, mobilizados durante todo o ano, como nós temos hoje em dia. Os cargos de liderança já não pertenciam mais a nobres, mas a pessoas que ascendiam na carreira militar, profissionalmente.
Nesta época as guerras passaram a acontecer mais em campos de batalha quem em volta das fortalezas, ou castelos (os famosos cercos medievais), não havia mais necessidade de se construir residências senhoriais super-fortificadas e então os castelos medievais frios, apertados e de pedra foram se transformando em palácios arejados e super-luxuosos com exuberantes jardins.
A estrutura de poder medieval baseada nos senhores guerreiros se tornou redundante, irrelevante e na prática o que aconteceu foi que o rei agregou poderes, por se tornar comandante supremo dos exércitos (ele era comandante apesar de não participar ativamente das batalhas, isto é, ele dava as ordens aos seus generais). O rei agregou tantos poderes em suas mãos ao ponto de chegar a dizer que ele era a própria personificação do reino (O Estado sou Eu!): isto significava que a sociedade passou a se organizar no que se chama “corte”, isto é, o rei e seu enorme séqüito de nobres, cavaleiros e criados. As cortes eram sediadas em grandes palácios, afinal estamos falando de milhares de pessoas (só em Versailles moravam mais de 3.000 pessoas!). Todos queriam estar perto do rei, porque estar perto do rei significava estar perto de possíveis benesses, como promoções, títulos e concessões de terras que o rei costumava distribuir entre aqueles que ele achava que lhe serviam melhor, portanto nesta época poucos nobres habitavam nos seus antigos feudos, nas suas terras natais, eles preferiam habitar na corte, perto do rei.
Bem, chega de falar sobre absolutismo! Isto é muito chato! O legal é saber: afinal, como vivia esta tal corte real?
Bem, Versailles é um lugar curioso, é um palácio enorme, com dezenas de quartos e.... NENHUM banheiro. Não havia banheiros em Versailles. As pessoas não tinham o costume de tomar banho (dizem que Louis XIV não chegou a tomar três banhos na vida inteira!) e as necessidades eram feitas em penicos e despejadas pelos criados – muitas vezes pela janela!
Outra coisa interessante também é que não há muitos corredores em Versailles, os salões e os quartos se abrem uns para os outros, desta forma se você quer ir de um lugar a outro do palácio você pode ter que vir a atravessar o quarto de várias pessoas! O quarto do rei é um destes: havia uma sala chamada sala de concentração, era o local onde as pessoas da corte se aglomeravam de manhã cedo para ter o privilégio de espiarem pela porta que dava para o quarto ao lado – o quarto do rei – e ver o rei acordar. Ver o rei acordar de manhã era uma das maiores honras que um nobre podia desfrutar em Versailles! Uma vez que sua majestade tivesse despertado, as pessoas atravessavam a porta, atravessavam o quarto do rei e seguiam para a outra sala ao lado, onde assistiam o rei tomar seu café da manhã. Após isso eles iam para uma outra sala ao lado, a sala do conselho, onde aqueles que tivessem o privilegio de ser conselheiros do rei se reuniam para discutir os assuntos de governo.
Não muito longe dali ficava o quarto da rainha – não, o rei e a rainha NÃO dormiam juntos! – a rainha tinha uma passagem secreta pela qual ela poderia ir rapidamente ao quarto do rei, ou vice-versa. Quando o rei estivesse afim, ele poderia visitar a rainha e exercer seus direitos conjugais, mas ele muito raramente dormiria com ela: após desfrutar de sua adorável esposa ele lhe dava um beijinho e voltava para o seu próprio quarto.
Como você poder ver, a vida em Versailles poderia ser muito sufocante se você fosse um rei, por isso os reis e rainhas construíram pequenos palácios secundários em torno de Versailles, como o Grand Trianon e o Petit Trianon, que eram refúgios onde só o rei, a rainha e seus amigos mais próximos tinham o direito de ir. Quando suas majestades estivessem cansadas do sufoco de Versailles eles iam passar alguns dias repousando num destes pequenos e aconchegantes palácios secundários, além dos jardins de Versailles.
Uma coisa que perguntam muito também é porque Versailles tem jardins tão grandes: é só para mostrar poder e deslumbrar os visitantes? Bem, não SÓ por isso, mas também porque aqueles jardins enormes realmente tinham alguma utilidade: o rei e os nobres caçavam por lá, a caça era um esporte muito tradicional para a nobreza. Os jardins também produziam muitas coisas para o palácio, como flores, frutas, leite, vinho... e eram também o local onde os reis guardavam e exibiam seus presentes mais preciosos: animais exóticos oferecidos pelos reis estrangeiros, animais como girafas, macacos, elefantes, leões, tigres, enfim, um verdadeiro zoológico real.
Enfim é um passeio que vale a pena, mas que você não precisa ir até a Europa para sentir o “gostinho” desta tal vida na corte. Uma dica cultural que eu lhes dou agora e extremamente patriótica também (contribuindo um pouco além do nacionalismo de copa de mundo que estamos vendo aflorar nesta época): nós temos um belíssimo palácio de corte a poucos quilômetros de nós, em Petrópolis, o Museu Imperial, que não deixa nada a dever aos museus europeus em capricho na conservação e na disposição das peças no sentido de se preservar o “clima” da época. Não é ufanismo, quem me conhece sabe que eu não sou lá muito nacionalista, mas eu me emocionei muito mais com a visita ao Museu Imperial de Petrópolis do que com a visita ao palácio de Versailles, acho que é a sensação de ver a nossa história e de ter o prazer de ver que nós somos capazes (as vezes) de preservar muito bem o nosso patrimônio, pois o museu de Petrópolis é um exemplo raro no Brasil de capricho e seriedade para com o patrimônio. Você vai ver lá tudo que você pode imaginar ver em Versailles, só que em menor escala, é o que eu tenho sempre dito desde que eu voltei da Europa: Petrópolis é uma Versailles em miniatura, e é mesmo, mas a nível de conservação e preservação, não está nem um pouco atrás.
Por enquanto é só isso. Mais tarde eu termino de contar sobre Paris e já semana que vem vou tentar começar a postar sobre Inglaterra.
Au revoir, pessoal!

domingo, 16 de maio de 2010

Coisas que nem todo mundo sabe sobre Paris - Parte 1

Oi, meus caros (três) leitores.
Espero que tenham gostado do vídeo que eu publiquei esta semana.
Hoje eu gostaria de compartilhar com vocês um pouco da experiência histórica que eu tive na minha rápida visita a Paris.
Bem, eu gostaria de fugir um pouco das coisas clássicas e muito conhecidas, ou daquelas coisas que você pode adquirir facilmente numa visita à wikipedia. Eu quero tocar em alguns detalhes um pouco menos conhecidos de Paris. Pelo menos eu espero que vocês não os conheçam!
Eu decidi que eu iria a Paris e ficaria hospedado no coração da cidade, isto é, bem no centro histórico, no local onde há mais de 2000 anos atrás tudo começou. Este lugar é um bairro pitoresco com ares de cidade de interior chamado Le Quartier Latin, isto é, o Bairro Latino. Ele não é chamado Bairro Latino porque lá se vende tacos e burritos, ou porque se toca macarena, tango ou salsa. O nome Bairro Latino faz alusão à língua latina da Roma Antiga, pois foi naquele local que os romanos construíram a primeira Paris no século I a.C.. A Paris romana se chamava Lutetia, ou Lutécia, e compreendia toda a região do atual Quartier Latin e a Îlle de la Cité, uma ilhazinha fluvial no rio Sena, junto ao Quartier Latin. Não era uma cidade muito grande a princípio, mas foi crescendo em importância e população ao longo do Império Romano, mas ao contrário do que muitos pensam, Lutécia não era capital da província romana da Gália, até porque não havia uma província da Gália, havia três! (como disse César, “Gallia est omnis divisa em partes tres”). Lutécia ficava na província chamada Gallia Lugdunensis, cuja capital era a cidade de Lugdunum, ou Lugduno, atual Lyon. Foi apenas no início da Idade Média, após o fim do Império Romano, que Paris se tornou, pela primeira vez, capital de algo, no caso o reino dos Francos. Foi no ano de 508 que isto aconteceu e o responsável foi um rei franco chamado Clóvis. Clóvis é considerado o primeiro rei da França, muito embora o nome “França” ainda não existisse naquela época. Eu não sei bem porque, mas eu acho muito engraçado dizer que o primeiro rei da França foi Clóvis. Sempre rio depois de falar isso. Mas deixa pra lá. O que você precisa saber de importante sobre Clóvis, é que ele NÃO é o Clóvis Bornay e que ele foi o primeiro rei cristão da França.
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Bem, não teria como não ter sido, não é? Afinal, ele foi o primeiro rei...
Mas geralmente lembram mais o fato dele ter sido um rei cristão que ter sido o primeiro rei da França, isto porque esta época, o século VI, era uma época em que o cristianismo ainda não havia se consolidado perfeitamente enquanto religião dominante da Europa e havia bárbaros vindo de tudo que é canto, invadindo a região que até pouco tempo havia sido o Império Romano, e nem todos estes bárbaros conheciam o cristianismo. Clóvis era um destes. Sim. Pasme, Clóvis era um bárbaro, um grande guerreiro bárbaro, rei da tribo dos francos, que era considerada um tribo bárbara. Clóvis se tornou rei com apenas 15 anos, mas já era um ser temível! Ele liderou os exércitos dos francos e conquistou toda a região das Gálias, que hoje é a França. Tanto é que a Gália com o passar do tempo passou a se chamar França. Francos – França, é meio óbvia a relação, não é?
Então, depois de fazer suas barbaridades e subjugar a “França”, Clóvis resolveu se fazer de bonzinho, foi fazer uma visita ao Papa (ou melhor, ele mandou chamar o Papa – a força – porquê se o Papa não vem a Clóvis, Clóvis manda um bando de seus guerreiros brutamontes e arrasta o véio até ele!) e se converteu ao cristianismo diante de Sua Santidade, numa das mais famosas cerimônias de Batismo da História.
Assim é muito fácil, não acha? Você faz todas as merdas, mata, queima, pilha e rouba, agride o Papa e então, depois que você já tiver tudo que você quer e não precisar mais cometer nenhum tipo de atrocidade, você diz que encontrou Jesus, se converte, é batizado e tem TODOS os seus pecados perdoados!
Você entendeu agora porque todos estes reis bárbaros que invadiram a Europa se converteram ao cristianismo? Ah, rapaz! Sagacidade!
Infelizmente pouca coisa restou da Paris desta época. Dentre estas poucas coisas estão umas pequenas ruínas romanas que ficavam na esquina da rua onde eu me hospedei. Sim, meu hotel ficava a cerca de uns 50 metros de distância de alguns dos últimos vestígios da Paris romana e alto-medieval. Estas ruínas eram um complexo de termas (casas de banho) que foram convertidos em igreja no início da Idade Média (mesma lógica, viu?). Hoje em dia lá funciona um simpático museu da Idade Média chamado Museu de Cluny, onde estão uma série de relíquias de monumentos, como estátuas originais da fachada da catedral de Notre Dame (se você já foi a Paris e se deslumbrou com a fachada esculpida de Notre Dame, esta é a hora em que eu destruo seus sonhos: é tudo fake. As estátuas originais estão no museu de Cluny para ficarem preservadas! Ainda assim, a Notre Dame é um lugar deslumbrante, para um Igreja dita “Gótica”). Mas uma das coisas mais interessantes que eu vi neste museu foram alguns objetos cotidianos medievais, como um livro que era um manual de luta com espadas e justa (aqueles torneios de cavaleiros, com lanças), que ensinava golpes passo a passo com ilustrações (poucos sabiam ler, mesmo entre os nobres), e uma coleção de tabuleiros de jogos, que incluía (ACREDITE!) xadrez/damas, gamão e resta um! Eu confesso que não sabia que já existia gamão e resta um na Idade Média!
Se você está em Paris e quer desvendar um pouco mais da era medieval, sem ficar na mesmice que todo mundo conhece das igrejas preservadas, como Notre Dame (embora você deva ir, porque é muito linda esta catedral!) e outras igrejas Góticas, vale a pena também visitar as catacumbas arqueológicas. Opa! O nome já soa bem legal, não é mesmo? Este é um típico turismo underground, com todos os trocadilhos, por favor. Para ter um gostinho destas catacumbas faça o seguinte: vá à Îlle de la Cité, na praça em frente à Catedral de Notre Dame. A direita de uma multidão de japoneses desesperados tirando foto você vai ver uma estátua verde gigante de um homem montado a cavalo. Não é um homem qualquer, é um rei, ou melhor, um imperador medieval, chamado Carlos Magno. Não vá até esta estátua, não é lá que ficam as catacumbas. Eu só falei dela porque é de um cara importante e talvez você queira tirar umas fotos dela. Então, voltando à multidão de turistas japoneses desesperados tirando foto, vire na direção oposta, à esquerda, no início da praça. Quer dizer que enquanto todo mundo estiver desesperado se acotovelando para entrar ou tirar uma foto da catedral, você vai poder ir tranqüilamente na direção oposta e até tirar uma onda e se fazer de besta, blasé, com o monumento gótico (em Paris isto não impressiona muito, no entanto. É normal ser besta e blasé...). Você vai ver uma escada praticamente sem turistas, com provavelmente um casal distraído, subindo as escadas decepcionado porque desceu e viu que não eram ali os banheiros. Ali em baixo não tem banheiros, tem uma catacumba arqueológica. Desça, pague 2 euros (menos de 6 reais) e entre, você vai ver uma infinidade de ruínas que se extendem por debaixo de toda a praça e até pó baixo da Catedral. Ali é uma confusão absoluta de eras. Você vai ver edifícios romanos em baixo de medievais, em baixo de renascentistas, tudo em baixo de uma galeria abandonada de esgoto do século XIX, todo fundido um no outro sem que você consiga perceber direito onde termina um e começa outro. Algumas plaquinhas eletrônicas vão te ajudar, você identifica na placa o que você quer ver nas ruínas, um armazém romano, por exemplo, então você vai apertar um botão na placa onde está escrito “armazém romano” e luzes vão iluminar o sítio arqueológico no local onde ficava o armazém. Você vai ver maquetes também, reconstituindo algumas das construções irreconhecíveis em ruínas. No final das catacumbas você vai ver as fundações da igreja medieval de Santa Genoveva, que foi demolida no fim do século XI e início do XII para a construção da catedral de Notre Dame. Sacanagem, né? Pobre da santa Genoveva, podiam pelo menos colocar uma imagem dela na Notre Dame...
Mais alguns vestígios da Paris Medieval podem ser vistos no Louvre, nos subterrâneos do museu, bem longe de onde as multidões se acotovelam para tentar tirar uma foto da Mona Lisa e da Vênus de Milo. Nestes subterrâneos você vai ter um encontro com o Castelo Medieval do Louvre, que foi residência de muitos dos reis franceses, inclusive de Francisco, ou François I, até que, mais ou menos na época deste rei, todo o castelo foi demolido para a construção de um palácio em estilo renascentista, que é o Louvre atual. O que você vai ver do castelo medieval são apenas fundações do baluarte (que é a torre principal) e das muralhas internas e uma maquete de como o complexo teria se parecido no auge de sua existência.
Puxa! Eu já escrevi tanta coisa e nem saí da Idade Média!
No próximo post eu vou lhes contar onde você pode encontrar algumas das personalidades da história intelectual e política franceça, tais como Russeau, Victor Hugo e Voltaire. Você vai saber também como que TODAS estas maravilhas da arte e da História mundial que podem ser admiradas hoje em Paris e seus monumentos belíssimos quase viraram poeira nas mãos dos nazistas.
Bem, até a próxima!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Vinda da Família Real para o Brasil

ATENÇÃO!!! NÃO LEIA ESTE POST ANTES DE LER O ANTERIOR, INTITULADO "O RETORNO DE ALEX". GRATO.

Oi, leitores, como prometido eis o vídeo. Este vídeo foi feito pelos amigos do meu irmão: Danilo, Renan, Yago, Raphael Coelho, Mateus, Fernando e Rafael Vinicius.
Segundo eu fiquei sabendo isto foi entregue à professora como um trabalho em grupo valendo nota. Bem, eu não sei que nota este grupo ganhou, só sei que eles foram bastante ousados para a quadradice e ortodoxia das aulas de História escolares. No entanto, se eu fosse o professor deles eu certamente daria um dez pela audácia e criatividade, e ainda guardaria uns pontos extras para eles usarem no bimestre seguinte!
Divirtam-se!

O retorno de Alex (ou "postagem com um título nada original")

Oi, meus caros (três) leitores, como vão vocês?
Eu vou... bem melhor. Eu acho.
Eu estava estressado e deprimido, então resolvi tirar férias de tudo. TUDO, literalmente.
Nestas últimas duas semanas eu dei um belo foda-se para o mundo numa louca e inusitada viagem relâmpago à Europa. Aproveitando o intervalo perfeito entre as erupções vulcânicas na Islândia e sem garantia de voltar caso aquele vulcão infeliz resolvesse explodir de novo (o que ele fez, exatamente um dia antes de eu embarcar de volta!), eu fiz as malas num dia e embarquei no dia seguinte para Paris. Na semana seguinte eu deixei a cidade luz sem muito remorso a fim de embarcar para a minha cidade natal (faz de conta que é, tá?), Londres.
E óbvio que uma viagem destas inspira qualquer historiador, mesmo que seja um historiador de araque e herético, como eu. Inspira outras coisas também, mas vamos nos focar na História.
Ao longo das próximas semanas eu pretendo explorar um pouco da História de alguns dos lugares que eu visitei, mas esta publicação extraordinária que eu faço hoje é apenas um aviso de que o blog estará retomando suas atividades a partir deste sábado. Antes de fazer isto, no entanto, eu publicarei um vídeo rápido para prestigiar um pouco da nossa História nacional, uma vez que praticamente a totalidade dos meus posts são de História geral...
Espero que vocês se divirtam. Até sábado!

ps: vocês notaram que a maior parte dos posts deste blog são "posts extraordinários"? Acho que vou mudar o nome da categoria para "posts normais" ¬¬

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Volto logo.

Boa tarde.
Tenho uma boa e uma má notícia.
A boa é que eu entreguei a minha monografia para a minha orientadora fazer a primeira correção e pelo que ela olhou rapidamente na entrega, as reações foram bastante positivas!
A notícia ruim é que em praticamente todos os outros setores a minha vida está uma zona ou está tudo dando muito errado.
Por este motivo eu estou suspendendo temporariamente as atividades neste blog até a segunda semana de maio, istó é, até depois do meu aniversário.
Por favor, todos vocês (três) que acompanharam as postagens deste blog até agora não o abandonem!!! Eu voltarei, não se preocupem!!! Apenas preciso tirar umas férias.
Obrigado e até breve!


P.S.: Hoje é uma data histórica, perceberam? Não sabem qual é? Que vergonha heim! Procurem no Google!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

98 anos do Naufrágio do Titanic, uma semana do Naufrágio do Rio

Oi, como vai você?
Pois é, eu não morri no apocalipse aquático do Rio de Janeiro. Eu não postei sábado passado por ser relapso mesmo.
Mas na verdade foi pelo contrário, imagine ter que escrever uma monografia em História e um blog de História AO MESMO TEMPO. Não dá muito certo às vezes. Eu ia acabar confundindo as coisas e escrevendo em linguagem não ortodoxa na minha monografia e em linguagem acadêmica aqui. O resultado disto seria ser reprovado e ainda perder todos os meus (três) leitores! Houve outros contratempos também. A casa estava cheia. De GENTE, não de água, pelamordedeus! Então eu não tive como me concentrar direito.
Isso não significa que eu esteja concentrado agora! Eu não estou. Como vocês podem perceber eu estou jogando conversa fora, como muitos professores nas faculdades fazem quando não estão com vontade de dar aula.
Mas vamos ver, o que eu posso falar hoje?
Ou melhor, escrever!
Isso me lembrou uma professora da faculdade. Ela fazia um escândalo quando os alunos escreviam “falar” na prova, ela os humilhava publicamente, afinal, não se fala numa prova, num livro, num papel, ela EXIGIA que você escrevesse “escrever”, por exemplo, você escrevendo na prova, citando um autor:
“Então fulaninho disse/falou que blábláblá” = humilhação pública na frente da classe.
“Então fulaninho escreveu/dissertou que blábláblá” = a professora não vai te humilhar.
Essa é uma das frescuras do mundo acadêmico. Se vocês um dia fizerem redação para concurso fiquem atentos a este detalhe!
Mas onde eu estava mesmo?
Ah é! Um assunto.
Bem, eu pensei em falar, perdão, perdão, perdão!!!! ESCREVER, um pouco sobre a história dos grandes transatlânticos, mas então depois eu pensei em escrever sobre naufrágios, e depois eu pensei ainda em escrever sobre coisa alguma, e ficar só enrolando, jogando conversa fora.
Acho que eu vou fazer um pouco de tudo.
Minha solução para este tipo de dilema sempre foi tentar conciliar tudo. Historicamente falando, por exemplo, quando duas correntes ou teorias assumiam posturas divergentes, minha postura sempre foi conciliá-las e dar um jeito de fazer com que houvesse um caminho que fosse a união entre ambas.
Complicado?
Eu acho divertido.
Eu tenho este espírito conciliador, sabe.
Bem, eu não estou ESCREVENDO sobre o que eu prometi... ok...
Aqueles que me conhecem bem sabem que uma das minhas grandes taras é Titanic. Não só o filme, eu estou me referindo ao próprio navio, o malfadado. Eu sou absolutamente louco pelo Titanic. Bem, hoje, dia 14 de Abril, precisamente às 23:45, farão 98 anos desde que o Titanic se chocou com um iceberg no Atlântico Norte e afundou.
Eu não sei se vocês repararam, mas eu e o meu blog não estamos no mesmo fuso-horário. Então quando eu publicar isto provavelmente o marcador não vai colocar no dia 14 de Abril, mas acreditem em mim, eu estou escrevendo isto no dia 14 e são extamente 23:30, o que significa que faltam quinze minutos pro Titanic afundar.
Bem o que eu posso dizer sobre este assunto? Eu disse dizer? Perdão, ESCR.... ah vá pra puta que te pariu, professora *insira o nome da professora à qual eu me refiro aqui*!!!
Bem, enfim, eu poderia dizer muitas coisas, afinal eu sou uma enciclopédia ambulante sobre Titanic, mais até do que sou sobre Roma Antiga (será que alguém aqui já jogou o joguinho do Titanic? O Adventure out of Time? Ah esse jogo é ótimo, você anda pelos corredores e conveses do Titanic, em tamanho real! É simplesmente fantástico e perfeitamente reproduzido!). Mas então, o que eu pretendo é apenas satisfazer a mim mesmo prestando uma rápida homenagem ao meu navio dos sonhos.
É impossível falar sobre o Titanic sem se referir ao contexto ao qual ele pertenceu. O Titanic é de uma era que já não existe mais, ele é coisa do passado, de uma sociedade que já se transformou muito.
Pra lá de 1912 a aviação ainda não existia em escala comercial, portanto absolutamente TUDO que você desejasse transportar a longa distância só poderia ir de duas formas: de trem ou de navio. Se você quisesse mandar algo da Europa para a América obviamente você não o faria de trem. Esta foi a era de ouro dos grandes Transatlânticos, que acabou com a popularização dos transportes aéreos, a partir dos anos 50 e só vimos ressurgir recentemente, nos anos 90 e 2000 com o boom das viagens de cruzeiro e a revitalização da frota transatlântica da centenária companhia inglesa Cunard, dona de transatlânticos como o Queen Mary 2 e o Queen Elizabeth 2.
Mas a grande diferença entre os transatlânticos e cruzeiros de hoje para os daquela época é que hoje o transporte de passageiros em navios é utilizado quase que exclusivamente como uma forma de lazer (excluindo, é claro, as grandes barcas, como as do Mar Báltico). Naquela épica, em fins do século XIX e inícios do XX o transatlântico era a única opção de transporte intercontinental existente (a menos que você quisesse dividir espaço com ratos no porão de um cargueiro). Os navios eram então um meio de transporte como os aviões são hoje. Eles não eram utilizados para passeios turísticos.
Porém, da mesma forma que existem assentos de primeira classe no aviões de hoje em dia, naquela época os passageiros ricos exigiam luxo e conforto para suas viagens.
Ora, imagine só, aquela cadeira apertada e desconfortável de classe econômica. Todo bem! Se você for para a Europa ou os EUA você só vai ficar ali naquele desconforto por umas oito a dez horas, onze no máximo. Imagine ficar assim por cinco dias ou UMA SEMANA.
Era este o tempo que levava uma viagem transatlântica, de Southampton, na Inglaterra, até Nova York, por exemplo.
As companhias transatlânticas competiam entre si não só para ver quem fazia o navio mais rápido e cruzava o Atlântico em menos tempo como também para ver quem fazia isto tudo em mais alto estilo. O navio mais rápido merecia a honra de ganhar a Fita Azul (Blue Ribbon), um prêmio que seria análogo ao reconhecimento de um navio como o mais rápido do mundo pelo Guinness Book.
Os navios da companhia britânica Cunard eram praticamente all concur no quesito velocidade e nenhuma outra companhia conseguia superá-los: na prática os navios da Cunard concorriam entre si pela a Fita Azul. Embora uma ou outra vez um navio de outra companhia conseguisse a façanha de superar um navio da Cunard, isto não era comum, e logo depois a Cunard pegava o recorde de volta pra ela.
A companhia que construiu o Titanic, a White Star Line, não agüentava mais ser a segunda da lista. A White Star bolou então uma estratégia ambiciosa: venceria a Cunard pelo luxo. A idéia era: o que os navios da Cunard têm de rápidos os da White Star vão ter em luxo e ostentação absolutos. E isto significava dar o máximo de conforto possível até mesmo para as classes inferiores. A terceira classe dos navios da White Star era a mais confortável e disputada dos oceanos e a segunda classe destes navios tinha os mesmos padrões de luxo das primeiras classes das outras companhias. Então você tem que imaginar como seria a primeira classe!
Não precisa imaginar. Eu tenho certeza que você viu o filme Titanic do James Cameron. A reconstituição do filme do Titanic é PERFEITA. Para você ter uma idéia, eles contrataram as mesmas empresas de carpintaria e decoração que fizeram os móveis do Titanic de verdade e usaram as plantas e os projetos de decoração originais do navio: lustres de cristal, escadarias de carvalho fino com revestimentos de folhas de ouro, uma cúpula de vidro e cristal que fornecia luz natural para a escadaria, elevadores (raríssimos na época), academia de ginástica e quadras de esporte (isso é banal nos navios de hoje, mas na época era super-exótico!), banhos turcos e piscina, dois restaurantes de luxo e três cafés em estilo parisiense, camarotes com lareira, sala de estar, suite, mordomo particular, uma biblioteca completa com salão de leitura, enfim, tudo que a nobreza britânica e o altíssimo empresariado americano podiam pagar.
Foi justamente com o Titanic que a White Star concretizou seu devaneio. Na verdade com o irmão dele, mais velho, o Olympic. O Titanic foi um navio produzido em série: três modelos foram construídos ao mesmo tempo, é o que chamamos de navios gêmeos, eles eram, em ordem de construção: o Olympic, o Titanic e o Britannic.
Sim, os navios da White Star sempre terminavam com “ic”. Sempre.
Como vocês viram, o Titanic era o irmão do meio.
A série Olympic, como ficou conhecido este trio, era uma série que era a vanguarda tecnológica em alguns sentidos, mas era antiquada em outros. Ela era vanguarda no sentido de ter sido pioneira no uso de telégrafo para comunicação entre outras embarcações e com a terra e também, o que chamou mais atenção na época, foram os primeiros navios a disponibilizarem este serviço telegráfico ao uso dos passageiros. A série Olympic também foi a primeira a colocar piscinas a bordo de um navio e foi pioneira no sistema de segurança de compartimentos estanques (que no entanto, como sabemos, se mostraram inúteis com o Titanic). Aqueles eram navios considerados tão modernos em segurança e comunicação que foram chamados de inafundáveis.
Mas eles foram antiquados num quesito muito importante. Seu sistema de propulsão e máquinas utilizava um modelo ultrapassado de maquinaria a vapor. Se o Olympic conseguiu a façanha de roubar a Fita Azul da Cunard, já na geração seguinte de navios ele estava completamente obsoleto. Os navios sobreviventes da classe, o Olympic e o Britannic, logo se tornaram elefantes brancos obsoletos, principalmente depois que os sistemas de caldeiras dos navios começaram a ser substituídos de vapor para o diesel.
O Britannic não enfrentou o estigma de casco de aço obsoleto por muito tempo: já na Primeira Guerra Mundial ele foi torpedeado e afundado por um submarino alemão no Mar Mediterrâneo, enquanto servia como navio hospital. O Olympic, no entanto, teve um fim bem menos glorioso e trágico que seus irmãos: já em 1935, ele era tão obsoleto e redundante que foi vendido pro ferro-velho e desmontado. Foi uma vida relativamente curta para um transatlântico.
Mas curta mesma foi a vida do Titanic. Ele durou alguns dias, tendo afundado na sua viagem inaugural. A tragédia do Titanic foi agravada pelo fato de ter havido uma greve de carvoeiros bem na época que o Titanic estava com sua primeira viagem marcada. O Titanic era o único navio totalmente abastecido, ele teve a sorte (ou o azar) de ter conseguido carvão antes da greve, então enquanto todos os navios estavam parados ele estava pronto para partir. O resultado: dezenas de pessoas com viagens marcadas para outros navios tiveram suas passagens remarcadas para o Titanic. “Que sorte!” disseram eles quando viram que fariam suas viagens na data certa; “FFFFFFFFFFFFF!” disseram quando viram uma parede de gelo vindo em sua direção... e olha que o Titanic teve a sorte de não estar lotado, mesmo com essa história da greve.
Bem, o resto da História vocês conhecem, todo mundo conhece, e se você é da época do filme, com eu sou, vai se lembrar da nostalgia que era Titanic e de como todo mundo só falava naquilo. Botes salva-vidas insuficientes, água gelada, enfim, mais de 1500 pessoas morreram e só 700 sobreviveram. Os mortos eram quase todos da terceira e segunda classes e da tripulação.
E bem, com certeza eu posto mais coisa sobre Titanic qualquer dia. Tipo aquela discussão interminável de “quem teve a culpa? O capitão? O cara que mandou aumentar a velocidade? Os caras que não ouviram o alerta de gelo? Blá blá blá”. Só para terminar então, vocês querem saber como terminou a White Star Line?
Bem, ela não exatamente terminou. Ela foi comprada depois de ter muito prejú. Advinha quem comprou a White Star? Isso mesmo, a Cunard. Então se hoje você quiser embarcar num navio da mesma empresa que construiu o Titanic é só reservar uma passagem no Queen Mary 2.
Me chama, viu?
Até mais e se você não viu o filme saiba que o Jack morre no final.
Tchauzinho!