domingo, 23 de maio de 2010

Coisas que nem todo mundo sabe sobre Paris - Parte 2

Boa tarde a todos! (ou noite, ou dia, dependendo da hora que você estiver lendo...)
Desculpem por não poder ter postado ontem, mas eu não me encontrava sóbrio o suficiente para fazê-lo (pelamordedeus né, sábado de tarde/noite vocês realmente esperam que eu fique sentado em casa pra publicar alguma coisa??).
Enfim. Como prometido, eu lhes trago hoje um pouco mais de informações sobre a Cidade Luz. Algumas últimas informações porque semana que vem eu já quero começar minha série de postagens sobre História da Inglaterra.
Semana passada eu lhes contei um pouco sobre a Paris Medieval. Desta vez eu quero avançar um pouco no tempo, mais precisamente dos séculos XVII e XVIII para os dias mais recentes.
No dia do meu aniversário eu quis realizar um grande sonho: conhecer o palácio de Versailles. Portanto neste gélido dia de maio eu peguei um trem no centro de Paris em direção à estação final em Versailles, o que dá pouco mais de 40 minutos de viagem. Para quem não sabe o palácio ou chateau de Versailles foi construído no reinado de Louis XIV, o Rei Sol, e significou uma nova era para a monarquia francesa e as monarquias em geral na Europa. Louis XIV era chamado Rei Sol justamente por se considerar o centro do Universo e fonte de todo o poder e ficou famoso por ter dito a frase “O Estado sou Eu”. Para quem se lembra das aulas de História na escola, isto quer dizer que esta época foi o berço da Monarquia Absolutista, mas o que diabos isto significa?
A Monarquia Absolutista representou uma forma de governo muito diferente da medieval, embora em teoria ela mantivesse as mesmas estruturas sociais e hierarquias entre os nobres e membros da Igreja. A grande novidade foram as mudanças nos papéis do rei e dos demais nobres, bem como a divisão da sociedade em três grandes camadas, ou “estados”, como uma pirâmide social (é aquela baboseira da escola: primeiro estado – que é o clero – segundo estado – a nobreza – e terceiro estado – que é a burguesia e os camponeses). O que mudou foi o seguinte: na Idade Média o rei era considerado o mais alto em importância entre os nobres e ser nobre na Idade Média significava ser guerreiro e ter capacidade de financiar guerras. Portanto o rei medieval era como um grande e supremo general das tropas, que liderava todos os outros nobres na guerra. A sociedade era de tipo feudal, isto significava que cada nobre tinha suas propriedades ou feudos, como pequenos países, muitos com costumes e algumas leis específicas. O rei também tinha suas terras, mas reunia muitos outros nobres através dos laços de vassalagem, que eram juras de fidelidade: um nobre jurava fidelidade a um rei, se tornando seu vassalo, aa vantagens disso poderiam ser muitas, de financeiras a estratégicas (belicamente falando) e então este conjunto de senhores feudais que juravam fidelidade ou se identificavam a um mesmo rei foram formando os reinos, como a França.
Nos séculos XVII e XVIII esta estrutura já não funcionava mais tão bem. A guerra tinha mudado muito e o grande responsável por isso foram as armas de fogo. A introdução dos canhões, mosquetes e rifles revolucionou a guerra, inicialmente aos poucos, a partir do século XV e XVI, mas no XVII os exércitos passaram a se equipar maciçamente com armas de fogo. Os castelos se tornaram redundantes, porque eles já não conseguiam mais cumprir suas funções defensivas: de nada adiantavam fortes muralhas contra poderosos canhões. O risco de um nobre importante ou um rei morrer numa batalha de armas de fogo aumentou drasticamente e com o passar do tempo estes reis e nobres foram se retirando dos campos de batalha e passando os encargos de liderança de tropas para terceiros. Nesta época era comum o rei ir ao campo de batalha inspecionar suas tropas, mas já não era tão comum vê-lo lutar corpo a corpo com o inimigo como se fazia na Idade Média. O rei e os nobres foram se retirando para a esfera administrativa da sociedade, deixando o comando das tropas para pessoas especializadas, ou seja, generais: foi o ressurgimento dos exércitos profissionais, pois na Idade Média os reinos não possuíam exércitos fixos, estes eram convocados apenas quando havia guerra. A partir do século XVII o que acontece é que volta a aparecer uma carreira militar, como na Roma Antiga, com exércitos fixos, mobilizados durante todo o ano, como nós temos hoje em dia. Os cargos de liderança já não pertenciam mais a nobres, mas a pessoas que ascendiam na carreira militar, profissionalmente.
Nesta época as guerras passaram a acontecer mais em campos de batalha quem em volta das fortalezas, ou castelos (os famosos cercos medievais), não havia mais necessidade de se construir residências senhoriais super-fortificadas e então os castelos medievais frios, apertados e de pedra foram se transformando em palácios arejados e super-luxuosos com exuberantes jardins.
A estrutura de poder medieval baseada nos senhores guerreiros se tornou redundante, irrelevante e na prática o que aconteceu foi que o rei agregou poderes, por se tornar comandante supremo dos exércitos (ele era comandante apesar de não participar ativamente das batalhas, isto é, ele dava as ordens aos seus generais). O rei agregou tantos poderes em suas mãos ao ponto de chegar a dizer que ele era a própria personificação do reino (O Estado sou Eu!): isto significava que a sociedade passou a se organizar no que se chama “corte”, isto é, o rei e seu enorme séqüito de nobres, cavaleiros e criados. As cortes eram sediadas em grandes palácios, afinal estamos falando de milhares de pessoas (só em Versailles moravam mais de 3.000 pessoas!). Todos queriam estar perto do rei, porque estar perto do rei significava estar perto de possíveis benesses, como promoções, títulos e concessões de terras que o rei costumava distribuir entre aqueles que ele achava que lhe serviam melhor, portanto nesta época poucos nobres habitavam nos seus antigos feudos, nas suas terras natais, eles preferiam habitar na corte, perto do rei.
Bem, chega de falar sobre absolutismo! Isto é muito chato! O legal é saber: afinal, como vivia esta tal corte real?
Bem, Versailles é um lugar curioso, é um palácio enorme, com dezenas de quartos e.... NENHUM banheiro. Não havia banheiros em Versailles. As pessoas não tinham o costume de tomar banho (dizem que Louis XIV não chegou a tomar três banhos na vida inteira!) e as necessidades eram feitas em penicos e despejadas pelos criados – muitas vezes pela janela!
Outra coisa interessante também é que não há muitos corredores em Versailles, os salões e os quartos se abrem uns para os outros, desta forma se você quer ir de um lugar a outro do palácio você pode ter que vir a atravessar o quarto de várias pessoas! O quarto do rei é um destes: havia uma sala chamada sala de concentração, era o local onde as pessoas da corte se aglomeravam de manhã cedo para ter o privilégio de espiarem pela porta que dava para o quarto ao lado – o quarto do rei – e ver o rei acordar. Ver o rei acordar de manhã era uma das maiores honras que um nobre podia desfrutar em Versailles! Uma vez que sua majestade tivesse despertado, as pessoas atravessavam a porta, atravessavam o quarto do rei e seguiam para a outra sala ao lado, onde assistiam o rei tomar seu café da manhã. Após isso eles iam para uma outra sala ao lado, a sala do conselho, onde aqueles que tivessem o privilegio de ser conselheiros do rei se reuniam para discutir os assuntos de governo.
Não muito longe dali ficava o quarto da rainha – não, o rei e a rainha NÃO dormiam juntos! – a rainha tinha uma passagem secreta pela qual ela poderia ir rapidamente ao quarto do rei, ou vice-versa. Quando o rei estivesse afim, ele poderia visitar a rainha e exercer seus direitos conjugais, mas ele muito raramente dormiria com ela: após desfrutar de sua adorável esposa ele lhe dava um beijinho e voltava para o seu próprio quarto.
Como você poder ver, a vida em Versailles poderia ser muito sufocante se você fosse um rei, por isso os reis e rainhas construíram pequenos palácios secundários em torno de Versailles, como o Grand Trianon e o Petit Trianon, que eram refúgios onde só o rei, a rainha e seus amigos mais próximos tinham o direito de ir. Quando suas majestades estivessem cansadas do sufoco de Versailles eles iam passar alguns dias repousando num destes pequenos e aconchegantes palácios secundários, além dos jardins de Versailles.
Uma coisa que perguntam muito também é porque Versailles tem jardins tão grandes: é só para mostrar poder e deslumbrar os visitantes? Bem, não SÓ por isso, mas também porque aqueles jardins enormes realmente tinham alguma utilidade: o rei e os nobres caçavam por lá, a caça era um esporte muito tradicional para a nobreza. Os jardins também produziam muitas coisas para o palácio, como flores, frutas, leite, vinho... e eram também o local onde os reis guardavam e exibiam seus presentes mais preciosos: animais exóticos oferecidos pelos reis estrangeiros, animais como girafas, macacos, elefantes, leões, tigres, enfim, um verdadeiro zoológico real.
Enfim é um passeio que vale a pena, mas que você não precisa ir até a Europa para sentir o “gostinho” desta tal vida na corte. Uma dica cultural que eu lhes dou agora e extremamente patriótica também (contribuindo um pouco além do nacionalismo de copa de mundo que estamos vendo aflorar nesta época): nós temos um belíssimo palácio de corte a poucos quilômetros de nós, em Petrópolis, o Museu Imperial, que não deixa nada a dever aos museus europeus em capricho na conservação e na disposição das peças no sentido de se preservar o “clima” da época. Não é ufanismo, quem me conhece sabe que eu não sou lá muito nacionalista, mas eu me emocionei muito mais com a visita ao Museu Imperial de Petrópolis do que com a visita ao palácio de Versailles, acho que é a sensação de ver a nossa história e de ter o prazer de ver que nós somos capazes (as vezes) de preservar muito bem o nosso patrimônio, pois o museu de Petrópolis é um exemplo raro no Brasil de capricho e seriedade para com o patrimônio. Você vai ver lá tudo que você pode imaginar ver em Versailles, só que em menor escala, é o que eu tenho sempre dito desde que eu voltei da Europa: Petrópolis é uma Versailles em miniatura, e é mesmo, mas a nível de conservação e preservação, não está nem um pouco atrás.
Por enquanto é só isso. Mais tarde eu termino de contar sobre Paris e já semana que vem vou tentar começar a postar sobre Inglaterra.
Au revoir, pessoal!

3 comentários:

  1. Hey, alex!

    Adorei o post! Versailles é um sonho de infãncia conhecer e me surpreendo com seus elogios ao palácio de petrópolis. Achei tão acanhado e confuso! eheheh
    Numa próxima visita tentarei rever meus conceitos.

    Continue escrevendo!

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  2. Vou reler tudo, ja que tenho uma memoria fraca! :D

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